A primeira, a gente nunca esquece...

No dia 02 de abril (sexta-feira santa) fiz minha primeira viagem de bicicleta. Uma aventura pra história.

3:40... Tocou o despertador do celular, após ter dormido as 2hrs20min mais tensas da minha vida, acordo e começo a arrumar as coisas pra minha aventura. Exatamente às 4:35, passo pelo portão de casa à caminho de Gravatá. O pedal antes do nascer do sol durante toda a extensão do litoral de Olinda foi muito legal, nunca imaginei ver tantos "coroas" caminhando na beira mar àquela hora. Com exatos 60min e 26,3km de pedalada, estava original PAiPA style na BR-232. Sabe quando você vai fazer uma coisa, mas tem aquele momento de "ou vai ou racha!". Eu tava nessa situação naquele instante, mas nem êxitei e segui meu caminho altamente empolgado.

Logo no 1º km de estrada, vi o que ia me acompanhar pelos primeiros 30km de viagem, as longas e íngremes subidas de Jaboatão dos Guararapes até Moreno. Depois da primeira subida, uma coisa massa. As descidas!!! Pena que são tão rápidas (tanto na velocidade atingida, quanto no tempo que se desce). E foi assim o começo, subindo e descendo. Muitos ciclistas usam a BR-232 para seus treinos. A BR tem acostamentos largos, sem buracos e é muito bem sinalizada, um convite para o pessoal das speed.

No posto da Polícia Rodoviária Federal de Moreno, dei uma parada a fim de arrumar um pedaço de papel higiênico pra limpar meus óculos. Era umas 6 e pouca, o sol já tava ficando forte. Paradinha "the flash", lavei meu rosto, agradeci ao guarda e pedal na estrada. A paisagem ficava mais bonita a cada quilômetro que passava. Muito verde. Muitas plantações (pena que não entenda tanto de plantas/árvores), mas é um espetáculo de se ver e sentir.

Até chegar em Bonança, peguei duas “falsas decidas”, dava impressão que estava descendo, mas não. Pensei por um tempo, que tava com uma bronca no pneu traseiro ou nos freios, mas graças a Deus estava tudo ok. Era só a subida mesmo, a bici não passava de 12km/h. É horrível! O trecho entre Bonança e Vitória é gostoso de se pedalar, bem plano. Fiz esse trecho com a melhor média da viagem, 29km/h.

Chegando na entrada de Vitória, resolvi dar uma parada, porque já estava ficando sem água. O cansaço também começava a chegar, mas ainda tava bem. 20 minutos parado num posto de gasolina, já tinha 62km rodados. Comi 2 chocolates, bebi um montão de água, enchi a camelbak e estrada. Rodados mais 20 quilômetros, encontrei Seu Edilson, um cicloturista do Ibura, que estava fazendo uma trip de 210km. Ele tava no prego, disse que já tinha arrumado o pneu furado, enquanto soltava a bacia do Z. Z?!? É!!! Ele andava numa Brisa com poucas adaptações. Ajudei ele na tentativa de arrumar o passador traseiro que também tava ruim, mas não conseguimos. Estávamos a 3km do começo da subida da Serra das Russas. Após as gambiarras feitas, seguimos juntos até o "pé" da serra, onde ele parou em uma das dezenas de barracas de frutas (famosas pelos abacaxis) e eu segui ao encontro da serra.

A Serra é serra!!! 8,5km de subida. Comecei bem na serra. Fiz algumas paradas para fotos e filmagens. O sol já castigava muitos desde às 8:00. Não tinha uma sombra, só carros passando a quase 100km/h, outros quebrados à beira da estrada. Às 10:00 em ponto, tinha chegado bem em cima do viaduto. A visão é espetacular, mas o pedal não é nada agradável. Não conseguia mais pedalar, minha água era mínima. E após me “arrastar” cerca de 5km não agüentei e empurrar a bici foi a única alternativa que me restou. Quase que não acaba! Não via a hora de chegar no túnel, por causa da sombra. Depois de empurrar por cerca de 2km, não tinha mais água, comecei a ficar stressado. Muito calor, tava louco por um banho, água, um refresco qualquer. Faltando cerca de 800m para chegar ao túnel, Seu Edson me reencontrou, desceu da bicicleta e foi empurrando, me dando aquele apoio moral. 1hr40 subindo, um pedaço pedalando a 8,6km/h, outro empurrando a 4,5km/h me fez perder muito tempo. Na “boca” do túnel, batemos umas fotos e seguimos, agora PEDALANDO e subindo o restinho da Serra das Russas. Logo após o túnel, parei numa barraca de frutas. Dois caras que tinham me passado na Serra estavam lá dando um tempo pra voltar pra Recife (quanta disposição!). Comprei logo água. Bebi 1,5l rapidinho. Depois 4 bananinhas. Mais 1,5l na camelbak e fui pagar. Massa que o cidadão não tinha o troco completo e me deu uma laranja cravo pra não ficar em falta. Juntei ela com o que sobrou da palma de banana e prendi no bagageiro. Antes, Carol (minha cunhada), me ligou pra saber onde tava. A galera já tava “nervosa” com minha demora. Falei com o pessoal da venda e continuei, faltavam pouco mais de 7 quilômetros.

De passagem pelo posto da Polícia Rodoviária Federal de Gravatá, parei e filmei a decolagem do helicóptero, que tava só esperando eu passar (até parece!). Os últimos 6km fiz bem tranqüilo, com uma subida muito íngreme, mas a recompensa foi a descida que dá acesso à cidade de Gravatá. Filmando, empolgadão, atingi a velocidade máxima da minha vida em cima duma bicicleta, 59km/h. Foi a melhor parte da viagem, sem sombra de dúvidas. Foi só deixar a emoção tomar conta do restinho de estrada que ainda tinha.

No km 77 da BR-232, estava concluindo um pequeno sonho de viajar de bike. Um grande amigo, Felippe César (PedaisPeloMundo.com), que sou fã de carteirinha da sua viagem de volta ao mundo, instigou muito essa vontade de observar tudo com mais calma, não só a cidade de partida e a de chegada. É fascinante isso tudo. Quem faz, sabe do que estou falando. Quem não faz, espero que fique curioso como fiquei, prepare-se um pouco e faça uma cicloviagem. Garantia de arrependimento ZERO e satisfação PLENA!


Pois é, esta foi a primeira de muitas viagens que ainda pretendo fazer. Agora, expondo aqui no BLOGzinho, tou mais empolgado ainda!!! Aproveita que você leu isso tudinho, viu o vídeo e as fotos, COMENTA né?!? É "o bicho" saber o que vocês tão achando!!! Valeu galera!!!